Presa, como um nó na garganta a poesia está
Como nuvens negras a tinta borra o papel
A borracha esgotou toda a sua força
Minha imaginação já não é
Corro os olhos em antigos poemas
Admiro-os, fui eu quem escrevi?
Hoje, na imensidão de meu coração
O silêncio
Sentimento forte, ambíguo
Choro manso, riso forte
São tantas sensações no coração
Já fraco, dilacerado, estampado de ilusões
Do alto do edifício vejo-me pequena
Pombas me comem em migalhas
No chão permaneço olhando o vasto céu
Mas seu pavão misterioso não mais existe
Caminho noite adentro
E tento buscar alento
Em vão...
Faltam-me versos, fugiram de mim em bando
Meu sorriso brando esconde minha dor
E, no entanto
Minha mente de poeta agita
Busca satisfação em sentimentos transmutados no papel
Qual Torre de Babel...