Como folha em branco, não tenho conteúdo nem frases em desalinho.
No entanto não sustenho meus dedos, que desenfreados percorrem de mansinho e
sem medos as minhas alegrias, tristezas, dúvidas feitas de constantes incertezas e outros sentimentos que tais.
Contudo, o que mais me custa é saber que existe uma compreensão diminuta do que sou e do que faço.
Nesses momentos atraso o passo e pergunto-me: “Afinal quem sou? Para onde
irei?” Sei lá, às tantas nem sei!
Mas minhas mãos não se compadecem, continuam desobedecendo. Teimam em me expor, em falar de mim, remexendo sem pudor quase como um castigo…
Nesta demanda a dois tons, solto um: ”Chega, já basta!” Mas que adianta se meu “Eu”
não comanda? E quando me apercebo, lá estou de novo, peregrina da madrugada onde me abrigo, feita de insónias e de sonos rendilhados… Ah, rendo-me, perdi!
Deixo de resistir e sigo este fraseado de rimas e pontos, de vivências e contos, com os
quais sofro e sou por vezes feliz.
Entre folhas amachucadas, minhas mãos vão descrevendo fragmentos que são tão meus e fazem parte de mim…
Entrego minhas mãos nas de Deus, quem sabe, se não terá que ser assim…