Poemas : 

A Uma Árvore Morta

 
Ergueu-se sobre o asfalto seco,
ao lado de um rio imundo,
com as copas crispadas
a ofenderem o céu.

A passarada a rejeita,
os insetos, dela, já não se nutrem.
Seu tronco áspero cinzento,
tal qual um cadáver embalsamado,
que resvala contra o tempo
atrai os olhares dos poetas
e afugenta a atenção dos passantes.
Ah, ardor que penetra minha alma,
tristeza que rasga e fere o coração.

Frígida, entorpecida, pétrea árvore,
ofereço de meu corpo sem emoção
o meu morno calor e minha alma torta
num abraço heróico, ó compadecida
escultura de natureza mórbida
erguida em riste, com devoção.
À triste e solitária árvore morta,
entrego-me com adoração.


Alcântara, 27 de janeiro de 2008 (Numa nublada tarde de domingo).

 
Autor
RomuloNarducci
 
Texto
Data
Leituras
1510
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
miriade
Publicado: 07/04/2010 17:12  Atualizado: 07/04/2010 17:12
Colaborador
Usuário desde: 28/01/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 2171
 Re: A Uma Árvore Morta
Um manifesto ecologico, bela a sensibilidade do poeta, Parabens,

beijos, Lu


Enviado por Tópico
shirley
Publicado: 07/04/2010 17:39  Atualizado: 07/04/2010 17:39
Da casa!
Usuário desde: 22/06/2008
Localidade:
Mensagens: 351
 Re: A Uma Árvore Morta
Fiquei pensando no que escreveu, apesar de tudo ser desfavorável, essa árvore cresceu, alheia aos que os outros pensavam, mesmo que já condenada. Mas valeu a pena pois como vc mesmo escreveu "atrai os olhares dos poetas" e assim ela ganhou sua grandiosidade. Beijos poeta