Nada mais interessa,
nem a grandeza de tudo,
nem um resto de nada,
apenas deixa-me de porta fechada.
Perdi a chave
que dava para aquele meu mundo,
agora fecho-me na cave,
longe de tudo, num sonho profundo.
Sem qualquer janela,
que me deixe ver o mundo girar,
aqui em baixo nada me fala,
nem o pensar quer mais tentar.
Fecho os olhos,
com as mãos frias que tenho,
aqui estou eu, de sonhos desfeitos,
nada mais tenho, nem um único sonho.
Nada mais interessa,
apenas a pressa de querer ser,
quem não consigo, quem não quero,
desespero, por nada perceber.
A porta do meu outro mundo,
de fechadura, dura e forte,
não me deixa lá entrar, perdeu-se de mim,
talvez seja essa minha sorte.
De finalmente cair em aqui,
aceitar o real que sou,
perder o medo de sentir,
de ouvir quem nunca se calou.
Talvez tudo interessa,
o medo é muito em mim,
não o mostro pela pressa,
que tenho de não me mostrar assim.