Pelos anos, asas mentirosas que não ganham abertura,
Abrem para enferrujar numa eternidade de tempo sem nada a fazer…
Abrem para esperar, esperar as manchas a crescer, as teias sem cura,
O lixo a empilhar, o musgo a ressaltar, o enxofre a corromper.
Aquele que espera infinitamente, espera sem esperar nada…
Uma caveira partida em velas, que uma eternidade ainda tem que esperar…
Rosas, pedras, baratas, explosões, agonia, escultura, é esperar nada…
Uma escultura é uma espera infinita e a fraqueza de aturar.
Repetições a mais, repetições de tantas esperas, o ser na infinita cavidade…
Esperar por esperar, uma eternidade a esperar, a esperar correctivos…
Esperar costuma ser por alguma coisa, mas aqui custa esperar a imortalidade…
Espera infinita a esperar nada, por nada, infinito de castigos…
A quantidade incrível de pó, na senhora, nas linhas das alças,
Espera alguém que não aparece, mas prometera vir numa manhã bonita,
E agora ela espera por quem? Ninguém. As suas esperas são pontas falsas,
Caveiras de tempo, dentro do suor, e à espera da senhora está uma espera infinita…
A senhora de branco a bailar, não tem as pestanas,
Não tem dolorosas ocupações superiores à dor de esperar, as salientes catanas,
Terminar de ver as sombras sem esperar outras sombras…
Do cinzento ao preto enfermo, em rugas deslavadas, respira em negras lombas,
A personagem viverá da mesma forma, esperando a não finalização do seu mal…
A igualdade dos momentos, a ira, na sua casota de cal.
Personagem sem idade, em felicidade de sepulcrais rochas,
Uvas e pinças de ácido; desesperar ao abrigo do relógio intemporal… letais tochas,
Humanos e estátuas são atrasos, avanços, durações de nada… cavam na anta!
Oferecem-se caules envelhecidos, atiram-se espinhos para a garganta!
Autor: Mosath
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