Havia um menino,
de olhar perdido
com pensamento divagando
na rede estendido
Jaziam por toda parte
corpos destroçados
sangue de inocentes, derramados
na relva esculpiam a morte
Havia um monge
de pés descalços
orando no monte
por tantos soldados moços
Nasciam anos mais tarde
lírios do campo nessas terras
pastavam ovelhas em suas serras
e a brisa soprava sem muito alarde
Retorna o homem menino com suas lembranças
das estações de perdas e desesperanças
vislumbra um velho de barba longa
que lhe acena em gestos largos com sua bengala
Renasce o ciclo vital
no reencontro do menino com o monge
no germinar do solo dos justos, do Elemental
perfilam-se as almas – sementes, ao longe...
AjAraújo, poema escrito em setembro de 2005.