Passa a vida que sempre passa
P’lo canto da minha mente
E nas horas já vividas
Espero a Nova que há-de vir
Não sigo o que os livros dizem
(leio-os apenas…)
Ora eu teria que concordar com o parecer
Das gentes que os escrevem.
Mas o seu parecer não coincide com o meu
Nem sempre…
Nem o meu com o delas.
Nem o meu parecer, nem o delas
Tem que ser o verdadeiro parecer
Ora, não é?
Eu penso as coisas que penso
E vejo as coisas como as vejo.
Que me ensinam os livros de ensinamentos
Se as coisas da vida e os sentimentos
Não estão lá escritos?
Que me interessa saber se aquela montanha
É mais alta que a outra?
O que me interessa é subir a sua encosta
Escalar, escorregar ou até morrer nela.
Que me interessam os nomes dos Oceanos?
São mar bravio, sereno
Marés-altas, marés baixas
E isso me basta!
Os livros não nos ensinam a olhar
A olhar para as coisas
Só nos ensinam os seus nomes
E até nos contam o passado que alguém descobriu
No fundo duma velha arca
Arca de Noé
Arca de José
Tanto faz
Ou o riscado em cavernas centenárias…
E assim passará a vida que sempre passou
P’lo canto das nossas mentes
E nas horas já vividas
Esperamos a Nova que há-de vir…
Leiam livros, criaturas
Leiam!
Mas leiam os livros que vos fazem arrepiar a pele
Que vos fazem sentir um todo
Em meio à multidão que nos emudece.
Leiam poesia!
Manuela Fonseca