Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.
Vives só,
Unicamente só,
No segredo de quem sente o silencio.
No sonho de quem se entrega ao lençol das palavras sangue.
És a tua gaveta.
E escorregas para um lugar por ti seguro e escondes-te.
Porque o cão canta no precipício aguardando o passo.
Basta apenas um passo.
e beija-te a chuva que tão bem conheces.
Sabes que és da sua matéria.
És as suas ruínas e o seu sangue.
Sabes que és tu o cão que canta por dentro
E com as flores dos outros cobres este animal.
E cultivas no sangue esta pedra.
Pássaro que assim vive.
Dentro do cão que canta dentro.
Dentro, desprende a sua voz.
O cão canta e voa.
Vem a noite mais uma vez e tu nada dizes.
A ferida está viva na garganta de lodo e luz.
Pegas no corpo breve e mergulhas-te no marfim das flores.
É assim que acalmas as feridas de quem ama.
No princípio, bastava chorar um pouco.
Agora, um cão canta e voa.
Sei que mentes enquanto escavas palavras para lamber-te as feridas.
o cão também voa.
e o seu coração é uma asa onde tua voz pode adormecer,
Aconchegada.
Enquanto isto,
Procuras polegares de quem morre.
Foste tu que incentivaste a morte.
Num beijo nu.
A morte é vermelha, disseste.