Epitáfio a um poeta qualquer
Aqui jaz
Um daqueles poetas
De vida tão obscura
que nem por ela demos!
Não lemos nada em relação à sua obra escrita
Simplesmente porque ele não escreveu nada
E se escreveu,
isso lá foram contas do seu rosário
até porque ninguém se interessa
e ninguém percebe nada!
Quanto ao resto pouco mais há a dizer
Até porque qualquer coisa que se diga
É mera ficção.
Que, finalmente, descanse em paz.
Depois do último poeta enterrado
Gostava de regressar a África
Retornar
supostamente às origens.
Contemplar a primeira fatia de céu que o homem viu na vida.
Sentir na pele o torpor do sol quente ao nascer
Mudar de cor e então morrer...
Incipit...