Hoje vi uma chocante cena
um homem enrolado em folhas
de caixas de papelão desfeitas
embaixo de uma amendoeira
Era bem cedo,
há pouco havia chovido
mas, ali estava impassível
ante a expressão tocante,
De passantes, que eram poucos
a passear com seus cachorros
e, de repente, um movimento
do homem que parecia semi-morto
Não me parecia vindo de uma ressaca
tampouco se trajava como um mendigo
tinha bigode aparado, a barba feita,
as roupas amassadas, sapato furado
Mas, o que fazia aquela pobre alma
na rua, envolto em folhas de papelão?
Um mistério que permaneceu sem solução,
como esquimó no iglu, retornou para sua "casa".
O que levaria um poeta a tratar de um fato
tão corriqueiro nas cidades?
A proximidade da páscoa e da paixão de Cristo
me fez o drama e a dor dos excluídos...
Ele, mais que ninguém,
Ousou tocar nestas feridas
Ainda vivas, abertas, e muitas vezes
não nos tocamos, neste vai-e-vem... da banalização da vida "moderna".
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em 1 de abril de 2010.