Ando há muito tempo numa correria
pelas livrarias da minha cidade.
Às bibliotecas digo que não vou tanto.
Porque nos livros deposito afectos
que não se compadecem com os propósitos
dos depósitos.
Gosto mais de tê-los em casa
alinhados à mão e à vista,
no propósito egoísta de vê-los ali
presentes,
disponíveis,
carentes e de olho em mim.
É curioso como ando sempre expectante e atento
a todas as letras, de todos autores
que falam ao mundo do amor sentem por ele,
da ternura que entornam sobre os outros,
da alegria da via que seguem
e da vida.
Mas confesso que nada, mesmo nada, do que leio
é aquilo que sempre sinto cá por dentro:
Quando vejo o mundo com os meus olhos;
quando escuto os outros com o peito
e o meu coração bate por eles.
Nas livrarias e bibliotecas há livros
que dissertam sobre a qualidade dos amores que há,
sobre a eternidade das paixões verdadeiras
e a certeza que existe para além das verdades.
E cartilhas?
Muitas… ! Até uma cartilha da ternura eu já vi.
Como se o ar quente que a proximidade me dá
me pudesse ser ensinado por outros,
ou estivesse para além de mim.