Da vivência de cada um, surgem opiniões sentidas, não obrigatoriamente coincidentes, forçamo-nos ou forçam-nos a dizer o que gostariam de ouvir e para quê?
Eu descobri que, uma das razões onde incide relação directa com o interesse de cada um, a cada momento, não está ligada à relação ao próximo, não o digo no vazio da experiência, mas no íntimo conhecimento de tamanha dor causada pelo que tento explicar.
…e é tão difícil assumir.
Não existe gota de sangue que signifique algo, tal é poderoso o veneno que me consome e seca de fora para dentro, vindo da luz dos teus olhos, traiçoeiramente surgindo depois a mordedura final, a sede de vingança, pois não te contentas com o castigo que estou a receber fruto de um passado recente.
Traíste-me por tudo o que pensas, ao focares erradamente o mal em mim, magoas-me com a tua falta de dor ao perceberes que dependo de ti, disseste-me:
“ Sei o que me espera…”
Não quero acreditar que me olhes assim como quem julga conhecer a razão do meu ser na finalidade última de te magoar, ainda agora me interrogo porque me sinto assim?
Porque estamos juntos?
O que nos segura?
O motivo que nos “une”, ou por ora obriga assinala-se apenas um, para mim um fruto de um amor passado, para ti não é isso mas, a justificação porque não fiquei ausente, pedes-me distância ao abraçar-te constantemente nos meus braços, e porque não te afastas?
Se eu tenho uma razão para ficar que não apenas o amor passado por ti, porque te contentas comigo sendo eu tão pouco?
Sou perfeitamente incompleto, para ser olhado por ti como o teu segundo eu…
Não te sinto obrigada a coisa alguma, perturba-me que te sintas acomodada no teu ninho, á espera que a estação certa chegue, para saíres do esconderijo refugiado bem longe deste nosso compromisso enganador.
Vais acabar por mudar de pele, mais cedo ou mais tarde, … o resto não me contas, e eu será que te posso contar tudo?
Manuel Rodrigues