ÁGUAS
Autor: Carlos Henrique Rangel
As águas de março
Nublaram meus olhos.
Já não penso o que sou.
Já não sei o que sou.
As margens que margeiam
Minhas lágrimas
São rugas que o tempo criou.
Foi só isso o que o tempo deixou.
As águas de março
Não fecharam meus verões...
Esses se foram há tempos
E eu caminho
De olhos vermelhos
Pelo que passou.
Lembrar pode ser
Uma doce tortura
E sou ótimo torturador.
As águas de março
Banham minha face
E um pouco de mim.
Não sei onde estou
E o que será ...
Sei, no entanto,
Que meu caminho
Não tem fim.
Março terá.