Igual a mim mesmo, senti-me perdido na beleza do sopro dos teus cabelos na minha face, envergonhado esqueci-me por momentos de quem sou e percorri a movimentos perversos de paixão num corpo, o teu.
Recorri aos sentidos que pareciam poucos para aproveitar cada momento insaciável de carícias ligeiras, toques suaves e marcas vibrantes de uma pulsação excessivamente perigosa.
Pressenti o mundo a rodopiar em direcção ao sol, arrastando consigo cada pedaço de matéria num Boom contagioso e ofegante. Precipitamo-nos no vazio, pois não existia mais nada, apesar do inferno que criámos, sentíamos um tremor que nos perdia e transformava qualquer sentimento.
Extrovertidos que somos, morremos de amor em silêncio, contradição.
Extrovertidos, não…
Vivemos doridos por dentro e não sabemos como dizê-lo, fazemos de tudo um pouco, fizemos do nada o que parecia ser tudo e agora onde estamos?
Igual a mim mesmo sinto-me perdido na beleza do sopro dos ventos que nos separa e empurra sem vergonha para bem longe, de mim o teu coração.
Manuel Rodrigues