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sem número

 


. façam de conta que eu não estive cá .





conta-me uma história, seria sobre o teu corpo perto, ao lado o meu. seria sobre não dormir ou dormir pouco. um coração que planta lágrimas na pele, saudade. conta-me. amor. outros lugares - só isso. estar só. ficar. contigo. ouvir-te dizer. espero-te no cais, bem sabes onde nos leva a imaginação nestas noites. se chegares tarde atira-te ao mar. morreremos depois na memória ou na invenção desta. meu amor. meu amor. fiz-te não partir. fiz-me. hoje não, esta noite conta-me uma história. acordei esta noite de frio ou silêncio, ou foi ela que me acordou a mim. não estou certa. só me lembro de abrir os olhos e ver escuro, mais tarde eram os pés descalços de chuva à espera de tempo melhor lá fora.à janela vi claramente para dentro, como quando uma boca se abre para mostrar o que dói, onde dói. gosto em ver-te.



 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 27/03/2010 00:33  Atualizado: 27/03/2010 00:33
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: sem número
Simplesmente belo...bj

Enviado por Tópico
GE3
Publicado: 27/03/2010 10:13  Atualizado: 27/03/2010 10:14
Da casa!
Usuário desde: 22/09/2008
Localidade: Moçambique
Mensagens: 350
 Re: sem número p/ margarete
mar (como gosto de chamar-te por amar o mar)

soberbo jogo metafórico que abrange vários sentidos. há, por isso, um constante caminhar às vozes interiores que embora cruzadas fazem uma forte ligação entre si. aqui, são as vozes a mandar, no intimismo, no memorial, no desejo ou na esperança. num texto curto apraz-me registrar uma coerência fabulosa onde a qualidade assenta os pés, molhados ou não, que são os mesmos que fazem os passos largos da tua rica escrita.

abraço-te de gratidão por escreveres e por deixares que te leia

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 27/03/2010 16:03  Atualizado: 27/03/2010 16:03
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: sem número
hoje ,na ponte flutuante da formosa,contaram-me a historia:uma mulher abriu os braços e deixou-se levar pelo vento,pela maresia,pelo mar.nunca mais voltou.
-já começa a ser hábito este morrer,esta vontade de procurar nos que foram, a fuga.nem luzes agora nem cheiros intensos a sexo nos levam para fora dos sonhos.os nossos sonhos.algo roubou aos nossos sonhos esta vontade de gritar:vida!
devemos, minha querida amiga, ouvir a terra com mais atenção, os gestos da terra-mãe.talvez,encontraremos forma de unir nossos pensamentos ,nossos corpos abertos,desnudados,sem pudor e sem fome pela carne.ter-me-ei dado ao teu silencio,como alternativa de não morrer sozinho.porque tenho medo de te perder,tal como a mulher que mergulhou nas aguas do mar e nunca mais voltou.