Chorou, mas não revelou a dor do core.
Ah, esta dor que consome o corpo,
Feito flecha que transpassa o ventrículo
Decorou, mas não declamou o texto
Ah, esta dor não estava no contexto
Feito fresta de luz no parapeito
Tentou, mas não segurou a barra no coreto
Ah, esta dor não estava no libreto
Feito brecha no pano de teatro
Esperou, mas não aguardou a sirene
Ah, esta dor que abafa,
Oprime o canto de cisne
Apagou, mas não ouviu palmas da platéia, o lamento
Ah, esta dor que leva, no clímax do palco.
Redime o sofrimento, no fulminante infarto
Subiu, mas não ficou para ouvir o canto de ossanha
Ah, esta dor que se foi já não mais arranha
Feito vida desfiada em derrota e façanha.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em março de 2010.