Poemas : 

Idioma de pedra

 
Que não me cabe
Incerto aperto
Em versos nos becos
Indigestos imperfeitos

Me viro por pedras
Do ponto a letra
Em cor-preta
Desdobrando a caneta
Na petala do poeta

A mão em curso
Da idioma ao percurso
Renome codenome
Palavra entalhada
Na pedra indo a transcursão

Estação a letrar
A criação envolver
Letras em mãos e papeis
A Reaver rotações na mente
Da onde o incendio
Começa a inspiração
Alega os vestigios

Idioma relugar
Que culpa a sentença
Na ordem do condenado
Largado pela indiferença
Sentado na inteligência
É idioma de pedra
Cuspi de padre
Reboco de merda

Santíssima insanidade
Que a culpa carrega
É ideia de pedra
Flutuar na terra podre
Sobre a nobre palavra
Que a ostenta sem nós

Esse idioma porta-voz
Essa letra sem voz
Que bate na testa
E vira idioma de pedra

Na mão do absurdo
Que minha orelha
Entupida aos cotonetes
Cor branca de ovelha
Vai ficando imunda
Mais surda
Que uma furda
No fundo do poço.

 
Autor
Beto
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