Quem imagina as consequências de uma trivialidade. Vem pelas costas, a resposta à questão. - Carolino. Para doce, é o melhor arroz - diz o Guilherme, acrescentando alguns detalhes surpreendentes. Na caixa, temporiza o pagamento, recontando o dinheiro, a fim de reencontrar as duas mulheres. Nota cada uma carregar em seu botão. Finge-se desapercebido dos olhares em viés, enquanto o elevador desce aos parques de estacionamento. Deixa-se ficar a um canto, ouvindo a cavaqueira. Fica mais pequena a caixa, logo que a porta se fecha, e os dois, sós, traçam destinos. Ela, determinada a seguir rapidamente para o carro. Ele, quebra o silêncio. - Lembre-se, para o arroz-doce ficar brilhante, coloque o açúcar na água fria - e continuou... A intranquilidade aparece devagar, mas persistentemente. Pára, no parque vazio, empatando, sem atenção à conversa doce-amarga. Sorri para a alucinação do segurança que aparece, pega no rádio, e desaparece por trás das portas de correr. Inquieta-a todo este despropósito. O desconforto vai-se assemelhando ao pânico, sem saber se fica ou vai.
Estancando o falatório, Guilherme rodopia rápido a cabeça, fixa os olhos na câmara de vigilância, a observá-lo. Vira costas murmurando: - Eu hei-de-vos topar. Oh se hei-de!
Parte final do texto intitulado "Guilherme"
Boa semana!
Garrido Carvalho
Março '10