Faz tempo que eu não te ouço,
Pois tuas palavras não chegam mais a mim...
E nem o perfume do teu pescoço,
Sinto-o se esparramando pelo jardim...
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Faz tempo que eu não molho minha boca,
No teu beijo, no teu hálito de hortelã...
E as horas não passam mais loucas,
Como quando, eu deitava ao teu divã...
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Faz tempo que eu não lhe escrevo,
E você não se faz presente na minha poesia...
Onde eu descrevia tolo, ao teu relevo,
Falando do seu corpo, e de sua pele macia...
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Assim maledicente, perdi-me ao redor de mim,
Pois faz tempo que lhe procuro ao meu lado...
Desentendido da razão, sem um não, sem um sim!
Vivendo no presente, a procura do passado...
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Por que faz tempo que você não está em mim,
E que ando na rua à procura de teu rosto!
É uma tortura que parece não ter fim,
Como uma fruta que já perdeu seu gosto...
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Pois não existe mais o eco de sua voz,
Nem nas ruas, nem nos corredores...
Não há lembranças nem do que sobrou de nós,
Pois é um amor repartido em dois amores...
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Por que faz tempo, mas não procurei um culpado!
Não procurei remoer erros, mas chorei!
Chorei com um anjo que cometera um pecado,
Pois se existiu um erro, eu não sei onde errei!
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Por que faz tempo, e é um tempo difícil de crer,
Mas por favor, não pense que faço um teatro...
Ao acreditar que ainda posso te ver,
Mesmo que sorrindo numa foto 3x4...