Esta madrugada escrevo. Uma carta a mim mesma.
Acabei de vislumbrar o seu olhar guloso
Ou está doida… ou está só… enganosa
É a forma de escrever seu curioso
Escrevo-te esta carta, nada
Como nada é a realidade quando escrevo
Escrevo-te esta carta e assim me atrevo
A dizer o que não sei, atrapalhada
Fico sempre que penso… o pensar mal me faz
Penso que escrevo quase nada, num tanto que sou capaz
De falar à muito perdi o jeito
Para quê? Está louca logo diziam
Agora ponho tudo no papel, a preceito
Coitada louca está, mal fariam
Se me lessem, e me vissem como sou
Mal fariam… se me olhassem a direito
Sou a tal que vou escrevendo, aqui estou
De alma vazia… nem tudo é perfeito
Perfeita seria eu se mentisse, ou iludisse
Quem navega em mar alto, tem mais valor
Pobre de mim sou pescadora no areal
Onde a maré vem despejar, todos as coisas
Que o mar rejeita numa fúria abismal
Como abismal são aos seus olhos todas as lágrimas
Aquelas que esta carta não mostra
Mesmo agora que acabei de me escrever
Vejo o seu sorriso igual a ostra
Em prato raso prontinha p`ra comer
Por favor deixe-me terminar, um abraço e um beijinho
Um calor, para mim é tudo ou nada
Atenção, é aquilo que preciso com carinho
Do nada que sou… para nada, assim dou esta carta por acabada.
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...