Poemas : 

«« Carta a mim mesma ««

 
Esta madrugada escrevo. Uma carta a mim mesma.
Acabei de vislumbrar o seu olhar guloso
Ou está doida… ou está só… enganosa
É a forma de escrever seu curioso

Escrevo-te esta carta, nada
Como nada é a realidade quando escrevo
Escrevo-te esta carta e assim me atrevo
A dizer o que não sei, atrapalhada

Fico sempre que penso… o pensar mal me faz
Penso que escrevo quase nada, num tanto que sou capaz

De falar à muito perdi o jeito
Para quê? Está louca logo diziam
Agora ponho tudo no papel, a preceito
Coitada louca está, mal fariam

Se me lessem, e me vissem como sou
Mal fariam… se me olhassem a direito
Sou a tal que vou escrevendo, aqui estou
De alma vazia… nem tudo é perfeito

Perfeita seria eu se mentisse, ou iludisse
Quem navega em mar alto, tem mais valor

Pobre de mim sou pescadora no areal
Onde a maré vem despejar, todos as coisas
Que o mar rejeita numa fúria abismal
Como abismal são aos seus olhos todas as lágrimas

Aquelas que esta carta não mostra
Mesmo agora que acabei de me escrever
Vejo o seu sorriso igual a ostra
Em prato raso prontinha p`ra comer

Por favor deixe-me terminar, um abraço e um beijinho
Um calor, para mim é tudo ou nada
Atenção, é aquilo que preciso com carinho
Do nada que sou… para nada, assim dou esta carta por acabada.

Antónia RuivoOpen in new window



Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
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Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 18/03/2010 18:39  Atualizado: 18/03/2010 18:42
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10796
 Re: «« Carta a mim mesma ««
Já escrevi para mim com o mesmo desembaraço, mas talvez não
com tanta certeza de me enfrentar de estar viva, tu sim nesta carta te diriges a ti própria e consegues olhar-te
Neste mundo de aparências, quando estamos a sós, apercebemo-nos o quão rídiculo é às vezes querermos-nos parecer
com os demais, quando somos tão mais simples.
Sempre que me escrevo, me dou lições de moral, mas
levo tempo a aprender.

beijo
rosa