Poemas : 

As Falésias entre nós

 
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As Falésias entre nós

(Ano 2008, Painel em caneta de ouro e cristais sobre cartolina preta, 70x50 cm)

Não gostava de te ver partir.
Não vás hoje.
Aguarda pelo carro celeste que te entregará aos céus. No cansaço da espera aguardo em mim pelo brilho das estrelas.
Há um tempo que passa e não regressa. As águas movem-se em mim. Dentro do meu sangue.
Absorvo em desespero o ar que já respiraste e não me arrependo de ser eu mesmo.
Aquele que se declara ao mundo e nada dele espera.
Já abri as portas às tempestades e colhi alecrim nas encostas atrás da casa.
Nas trovoadas nas noites claras amadurecidas pela chuva encosto-me em ti e vejo os dias passarem.
Sem que as névoas nada me prometam. Sem saber ou ser aquilo que queres que eu seja.
Deixo-me assim. Ao abandono. Mendigando pela fome. Pela fome de um sentimento teu.
De um olhar que tudo fará passar.
De um abraço que dará calor à minha pele.
Obscureci.
Inebriei-me do sentimento e caí, esquecido, na noite,
por entre as falésias entre nós que teimam em passar...


 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 18/03/2010 09:59  Atualizado: 18/03/2010 09:59
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Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: As Falésias entre nós
Tenho andado a seguir a sua página há já algum tempo, dou-lhe os parabéns pelos excelentes trabalhos apresentados tanto os painéis que são fantásticos, como a escrita que é suave e é o complemento de um trabalho que certamente perdurará. beijinhos