Triste e doce cena
De um lado, a família, no drama
Da perda anunciada
De outro lado, a pessoa, respira
Seu tênue sopro de vida
Mistérios da vida e da morte
Nos torna ainda tão iguais,
Tão humanos nesses tempos desiguais
Onde o destino é inexorável, vento sul ou vento norte
A quem se apega a chama
Apesar da dor que clama
Para a travessia, ruma
Missão de vida cumprida
A quem renega o ciclo vital
Que vê na morte o elo final
Sofre primeiro pela perda material
E depois não tem força espiritual
Muito já se discutiu sobre a eutanásia
Ou vem agora à tona, a ortonásia
Mas se das dores do parto, floresce a vida
Das dores da morte, não renascerá a vida?
Tendo já assistido muitas passagens
De crianças, as mais comoventes
De adultos, as mais trágicas e outras tão belas
Indago sempre o que sentem nas passarelas?
Há no livro da existência sempre um prefácio
Porém os capítulos são misteriosos
Quiçá diria bastante caprichosos
Até que chega o dia para o qual nunca nos preparamos, o epitáfio ...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em fevereiro de 2007.