Há sempre um tempo de ir e vir
numa denúncia do tempo que se percorre
e o que se quer percorrer,
no caminho que percorri
não encontro escolhos nem dejectos,
sou eu mais o meu caminho
numa transmutação perene da realidade que vivi
e quero transladar para o que quero viver
numa utopia simples de que o caminho me pertence
e sempre me pertencerá,
sou dono da utopia
e assim me quero manter
nessa certeza que o irreal aos olhos dos outros
é uma realidade,
só minha,
abano-a e cai neve qual souvenir de Paris,
inverto-a e a areia esvai-se tirando-me o tempo
que preciso para me viver,
mas posso sempre inverter a minha ampulheta,
numa linha sem fim num devir eterno e só meu.
Nas tardes do meu estio
sou o sol ameno que cobre a seara de amarelo,
aquece a noite que se anuncia de lua cheia
para me iluminar o caminho
que é meu e de quem me der a mão.