Ela branca como a neve, caminhava na rua.
Eram duas horas da manhã e ela não fazendo confiança ao silêncio que se fazia sentir, caminhava, sim, mas bem colada à parede da viela.
Ultimamente tinham acontecidos vários casos de violação, principalmente no mês de Janeiro, saber porquê, não sei, mas como o Luar de Janeiro vale um carneiro, nunca se sabe o que pode acontecer.
Ela tinha o costume de passear na noite, não era uma menina da noite, não, mas gostava do silêncio da madrugada, mal grado todos os perigos que ocorria, mas ela precavia-se, fazia sempre muita atenção e ao mais pequeno barulho suspeito, ela sabia como se defender.
Mas naquela noite, há sempre uma noite, que nem tudo corre como nós queremos.
Mais longe mas sempre com ela em vista, caminhava também na viela um preto.
Já a seguia depois várias noites ou madrugadas.
Sonhava mesmo com aquela branquinha de olhos verdes que o fascinavam e esperava o momento preciso para passar ao ataque.
E aquela madrugada tornou-se propicia.
31 de Janeiro. A cidade do Porto festejava a revolução, havia festa em todas as ruas.
A bela branquinha que era muito discreta, ficou sózinha a admirar o fogo de artificio.
Apaixonado preto, aproveitou a o momento em que ela estava distraída, e com patas de veludo aproximou-se dela e zás! Saltou-lhe em cima
Miaaaauuu, Miaaauuuu, gritava a gata branquinha.
-Não há mais miau, nem menos miau que te salve, disse o gato preto, eu tinha a certeza que um dia teria a felicidade de te violar.
-Queres que pare?
-Não, já que começas-te, continua, miauuuu!
A. da fonseca