(Ano 2008, Painel em caneta de prata e ouro e cristais sobre cartolina preta, 70x50 cm)
Hoje acordei sozinho, Deixei-me partilhar as amenas fábulas cor de cristal dos meus sonhos, e desejei. Desejei, como nunca, ter por memórias as palavras doces do vento norte. Quando madrugadas de incenso e cetim beijam as encostas agrestes dos meus cabelos saberei quem me chama. De onde surgem as cálidas dores do sentimento quando imerso nos meus sonhos luto contra mim mesmo? Clamo inocente pela obscura partida nas imensidões dos mares. Faço chover em mim próprio as dilaceradas manhãs quentes de mais um Verão que já passou e não me encontro dentro de mim. Chamo-me esquecimento. De dentro já morro durante os dias que passam por mim. Fora acalmam-se as tempestades e olhares fúteis devolvem-me as águas calmas do meu mar. Pacífico. Doce. Calmo e Puro como um Infante. Assim sou eu. Já não regressarei mais. Vivo a derradeira eternidade. Irei com os pássaros para o sul na minha próxima vida. E deixarei acesa a chama que aquecerá as almas dos que ficam.