Poemas : 

BALADA DA TERRA

 
p/o poeta arfemo


"Mas nunca provei dos frutos das minhas mãos..."

De uma canção de Luís Gonzaga Jr. ou Gonzaguinha

"Malditas sejam
todas as cercas!
Malditas todas as
propriedades privadas
que nos privam
de viver e amar!"

Do poema Terra Nossa, Liberdade,
de Dom Pedro Casaldáliga,
bispo emérito de são félix do araguaia,
que trocou o palácio episcopal por uma choupana.
catalão, veio ao brasil, como missionário claretiano e foi sagrado bispo contra a sua vontade. enviou para a mãe o anel episcopal e o substituiu por uma aliança de casca de coco - símbolo da opção preferencial pelos pobres. foi várias vezes advertido pela santa sé, por seus escritos e posição política. foi várias vezes também ameaçado de expulsão do brasil na época da ditadura. vive entre posseiros e índios até hoje, numa região de conflitos.



a terra irmão
pertence aos que nela trabalham
de sol a sol semeando o pão
que na mesa lhes falta muitas vezes
e é atirado ao lixo pelos burgueses
porco e gordo o burguês canalha
sempre dono e senhor amém

a terra por justiça deveria ser
de joão e de maria
de josé e de rosário
e de dolores
(tantas dores)
e dos filhos que fizeram
que andam descalços pelos campos sem escola
sem futuro sem nada
a terra não deveria ser
do mocinho bonito filho do senhor
o mocinho bonito que usa e abusa
da triste mocinha do campo
e depois a põe fora
como se fosse o final de um cigarro

a terra pertence ao lavrador
mas a ele só lhe vão dar os sete palmos medidos
como escreveu joão cabral
como escreveu dom pedro casaldáliga
como escreveu miguel torga
como escreveram outros tantos
mas nunca lhes deram ouvidos
senão a prisão
e o rótulo de agitadores
e subversivos

a terra é muita
e pertence ao povo que a fecunda
que faz crescer a semente
em troca de dinheiros minguados
a terra é de quem pega na enxada
e vive em habitações precárias
mas não é bem assim como deveria de ser
: a terra pertence ao coronel miserável
que se vale do dinheiro e do poder

enfim camarada
que somos nós senão nada?
nada nos vale escrever
a terra só enterra o pobre
ao pobre só resta morrer
e morrer...e morrer...

_____________
júlio, 15-03-10


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/03/2010 11:39  Atualizado: 15/03/2010 11:46
 Re: BALADA DA TERRA
UM LAMENTO PROFUNDO NOS TEUS VERSOS E ACIMA DE TUDO O ESCOLHER ENTRE A TERRA E A MORTE POIS SÂO IGUAIS BEM PATENTE COMO SE A ISSO FOSSE OU MELHORIA NA VIDA OU DE MUNDO MAS QUE É NOSSA HERANÇA E VIDA APENAS.
SONHO DE TUDO IRREAL QUE SOMOS E QUE LUTAMOS. O POVO É DEFENDIDO POR NÓS TODOS OS QUE QUEREMOS.
A UM ARFEMO LUTADOR E DE OUTRO TAMBÉM GRANDE BRASILEIRO COMO TU A MINHA HOMENAGEM POR TANTA LIBERDADE E MUINDO EXPRESSO.
UM GRANDE CONDÂO NO TEU TEXTO JÚLIO. NÂO ABORRECE NINGUÉM O QUE É RARO DE VERMOS E SIMPLIFICA TUDO. APENAS OS MEUS PARABÉNS PELO TEXTO LIDO E A VITÓRIA PARA O POVO A QUE AMO TAMBÉM E POR ISSO O DIGO. LUTAR POR MELHOR É SEMPRE O SINAL DA ESPERANÇA.
ABRAÇO A VOCÊS.
AMANDU


Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 16/03/2010 00:19  Atualizado: 16/03/2010 00:21
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 Re: BALADA DA TERRA p/Júlio Saraiva
Caro Poeta Júlio que não esquece as causas e delas os humildes,

eu,que há alguns anos na poesia abracei a seda das palavras;

eu, que inventei uma personagem a Alice, para poder me perdoar, nas crónicas que regularmente assino (com o meu nome!) na imprensa;

não mudei de sítio, não fiquei sentado;

espero, luto, um pouco magoado!

obrigado meu irmão que não conheço (mas amo e admiro), por ter escolhido um poema que fala de Bispo (que era honrado) e gente (maltratada) com o fulgor de uma homília!

abraço fraterno POETA
arfemo/arlindo


Enviado por Tópico
miriade
Publicado: 16/03/2010 00:50  Atualizado: 16/03/2010 01:00
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 Re: BALADA DA TERRA p/julio
Um texto poético para refletir a crença e a virtude do homem que presta à Deus o culto que lhe é devido,o bom senso e o preceito ético de Dom Pedro Casaldáliga,(nem sei bem porque combinam religião e ostentação)."A terra pertence ao lavrador."ah...se reconhecidos fossem os verdadeiros lavradores,(cavaleiros medievais) em sua dicotomia de fraqueza/fortaleza e assim dignamente pudessem à morte celebrar.Parabens, poeta.

beijocarinho, Lu