Profana mim’alma, mais uma vez
Siga pelo meu corpo num sentido único
Esparramando pelas vias de minha tez
Este seu sentido que se faz infunico...
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Profana-me dizendo a verdade
Calando-se apenas neste sorver,
A tua boca que me suga numa total intensidade
Como um gelo no meu calor a derreter...
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Profana, destrua, queime tudo o que puder
E se sobrarem cinzas, deixe-as ir com o vento
Pois ele me formará, novamente mulher
Marcada por ti, em um único advento...
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Então me faça mais uma vez profana
Rasga a minha seda, borre meu batom
No teu corpo, num todo estarei ufana
Pelo jactante momento, num suave semitom...
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Diante disso faça de meu reverso o teu verso
Cante-me, inebria-me, faça-me teu poema
Composto pelo teu instinto mais perverso
E só depois nos teus braços, me condena...
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E assim, perpetua-me nesta tua sina desencadeada
Profana-me deste modo, sem palavras, e sem razões
Pois sou como a flor, sublime, leve, delicada
Uma rosa desabrochada entre os teus botões...
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Que é regada pelo mesmo suor que nos banha
Este que verte da pele, tão salgado humor
Que deveras, num todo me assanha
Prazeres embriagados, desse licor de amor...
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Profana-me, dizendo-me que sou a nução de seu pecado
E me condene, se achares que não se envolveu
Castra-me, se eu não fora eu seu desejo mais desejado
E me cale, se no meu corpo a tua estória não escreveu...