Sonetos : 

INSETO

 
Eu sou uma metamorfose de Kafka,
No suor da minha existência estática;
Rastejo através do entulho que sou,
Talvez um papel rasgado por Poe.

Proveniente de um fingido flerte,
Personagem descartado de Goethe;
Mesclo minha peçonha ao teu papel,
Tu que me lês com teu nocivo fel.

Vivo a partir do que me transformei,
Daquilo que não faz parte da lei
E do asco que por mim agora tenho.

Esfarela-me por misericórdia,
Que meu traço viscoso de discórdia
Já se encontra desprovido de engenho.

(Luciene Lima Prado)

 
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Lucienelp
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Enviado por Tópico
Massari
Publicado: 14/03/2010 13:59  Atualizado: 14/03/2010 13:59
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 Re: INSETO
Luciene, por ser fã incondicional da obra de Kafka o texto interessou-me, e tive a grata surpresa de deparar-me com um belo soneto.
parabéns

Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 14/03/2010 14:02  Atualizado: 14/03/2010 14:02
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 Re: INSETO
Que as metamorfose poéticas não interfiram com o bem estar de quem as cria...
A Vida não deixa de ser o papel principal de qualquer autor.

Grande abraço0!

Abíli0

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/03/2010 14:10  Atualizado: 14/03/2010 14:10
 Re: INSETO
gostei deste soneto muito original, fico feliz que tenhas voltado a poesia continua bjs no seu coração

Enviado por Tópico
celiacc
Publicado: 14/03/2010 14:39  Atualizado: 14/03/2010 14:39
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 Re: INSETO
Olá poeta

Achei extraordinário este soneto.

Vou voltar. Quero ler a tua poesia surpreendente e bela.

beij.
célia