Louca

o sommerville comentou um poema meu referindo-se a josé gomes ferreira.vai daí,fiquei com ele na cabeça.aqui vai este que fala da vida quando é apenas um gesto quase mecânico,ao longo do qual vamos apodrecendo quase sem darmos por isso(acho que o tema tem de certo modo relação com o teu poema,que apela à vida sentida e vivida com a intensidade requerida,mesmo que lhe chamem loucura):

"Agora, apodrecer.
Nas ruas, no suor das mãos amigas dos amigos, na pele dos espelhos...
desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos...

...mas apodrecer.

Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo...
"como estás, estás bem?", o telefone não toca! devorador de astros...

... mas apodrecer.

Sim, apodrecer
de pé e mecânico,
a rolar pelo mundo
nesta bola de vidro,
já sem olhos para aguçar peitos
e o sol a nascer todos os dias
no emprego burocrático de dar razão aos relògios,
cada vez mais necessários para as certidões da morte exata,

Sim, apodrecer ...

"...as mãos, a còlera, o frio, as pálpebras, o cabelo
a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo...

... mas apodrecer!

Sujar estrelas."


beijo
alex

És uma louca!
Já escrevi (atenção, que eu sou escritor) que a loucura também tem razão, dentro da loucura que a razão tem!

Beijo

Siso pra mim é dente.Loucura é o juízo ou a normalidade pelo avesso.Gostei por demais do vosso poema! ;)
Bjins insanos, Betha.

São,
Bendita loucura. A última quadra está um arraso.
Beijo
Nanda

Excelente Roque, que a loucura do poema
derrube muros
bom fim de semana

Nem sempre o juízo está equilibrado...
Ou será que não está nunca?!

Um abraçooo!
Abílio

Roque, é comum apontar-se loucura onde existe genialidade,assim como é comum atribuir-se genialidade a tantos/as que são doentiamente medíocres!Um poema profundo a extravasar os caminhos da filosofia,
beijo