Descanso tão prolongado,
Em que se vive adormecido.
Não é por ninguém desejado,
Mas por alguns era merecido.
Mas aqueles que o merecem,
Quase sempre cá não estão.
E os que cá aparecem,
Muito poucos eles são.
E os que cá aparecem,
Pouco tempo cá estão.
Pois logo desaparecem,
Para fora da prisão.
Os que não mereciam,
Aqui ficam a sofrer danos.
E nunca beneficiam,
De nenhum perdão nos anos.
Os pobres estão esquecidos.
Anos e anos a fio.
E na rua só são metidos,
Quando já não têm brio.
E vivem aqui encolhidos,
Com medo que o frio os gele.
Pois foram os escolhidos,
Para sentirem na pele.
Os melhores anos da vida,
Ficaram aqui perdidos.
Porque até ao dia da saída,
Ficaram aqui esquecidos.
Esta verdade é bem triste.
E difícil de aguentar.
Mas é aquela que existe.
E com ela tens que contar.
Se quiseres daqui sair,
E se isso queres atingir.
Ainda tens que andar a rir,
Mesmo que seja a fingir.
Podridão armazenada.
Nestes armazéns medonhos.
Humanidade escravizada,
Que perdeu todos os sonhos.
Só um cego é que não via,
Que a justiça, é mesmo cega.
Prende os que não devia,
E aos pobres, ela se nega.
É tal como as putas finas.
Que não andam nas avenidas.
Não atacam ás esquinas,
Mas fazem-no ás escondidas.
zeninumi 19/7/2007
zeninumi.