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EU, VOCÊ E A MORENINHA

 

Namorados já se sentiam há muito tempo embora, tanto ele quanto ela possuísse em suas cidades, um amor latente. Conheceram-se é claro, no jeito mais moderno das procuras dos relacionamentos humanas (Via internet). No começo era só um propósito de amizade. Esqueceram, entretanto, que toda amizade principalmente aquelas iniciadas à distância acabavam quase sempre por gerar sintomatologia específica, a falta de. Começa-se a sentir falta de tudo!

Falta do amigo (a) que naquele dia não apareceu e o outro dia fica muito maior que o normal frente tanto que é a ansiedade do saber do por que do bolo recebido. É lógico que de tanta falta, a saudade começa a gritar dentro do peito, sentimentos e sintomas perfeitamente adequados ao ato de se amar vão aparecendo e, sem perceber foram percebendo que passaram preferir a companhia do amigo (a) do que a dos seus próprios namorados.

Também pudera era tudo tão novo, tudo tão agradável, os sorrisos, as brincadeiras as gentilezas e por vezes, a admiração da inteligência e perspicácia de cada um, fazia com que o outro cada vez mais, se embrenhasse pelos labirintos da paixão.

Haviam passados seis meses e os encontros internéticos eram cada vez mais apreciados, desejados e necessários aos dois, assim, trocavam segredos que só se revelam para um amigo de longas datas, trocavam também carinhos em palavras e olhares de quando um ou outro abria a câmera pra uma conversa mais aconchegante.

A moça morava no Rio de Janeiro e gostava de ser chamada de Josy, seu nome na verdade era proveniente da mistura dos nomes dos seus pais, (Joana e José Mário) recebendo então a Josy, o nome de Josymara. Gabriel se aproveitava sempre que podia do fato para zoar com a moça, dizendo que ela era mesmo uma moça de sorte e, que já não poderia dizer o mesmo caso ela um dia se casasse com ele e quisesse dar continuidade ao costume da família assim, como não ficaria o nome do filho (JOGA)? Imagina... Josymara muito mais bonito! Josy ria, sem parar das brincadeiras que Gabriel fazia, tanto que por vezes, o chamava carinhosamente de (PALHACINHO).

Entre um segredo e outro Josy, expõe para o ainda “amigo” que sua relação com a do seu pai, era muito difícil, relatou que desde pequena sofria de maus tratos e que por muitas vezes, pensou fugir de casa por quanto disto. Gabriel lá de longe pode sentir o crescer da indignação por tudo que Josy havia lhe contado. O fato é que aquilo de certa maneira serviu para aproximá-los. Josy por contar um segredo jamais dito a alguém, Gabriel por sentir vontade em proteger aquela que para ele a cada dia, passava ser muito mais que uma amiga.

E assim, foram tocando a vida, ela com seu namoradinho e ele com uma porção de namoradas, mas, nunca uma que fosse realmente dona dos seus sentimentos.

Gabriel não escondia sua vontade de encontrar-se com Josy, por sua vez, a moça confessa pro “amigo” que já havia pensado como seria um encontro dos dois e que se um dia fosse possível gostaria sim, conhecer o amigo que já lhe parecia amigo de muitos anos.

A intimidade das palavras, das conversas foi aumentando com o tempo ao ponto que, Josy já não se sentisse mais confortável ao lado do namorado e por isso, resolve acabar com aquele namoro que para ela já se encontrava arrastado há muito tempo. Embora tenha pedido cautela, Gabriel sentiu-se feliz no saber do término do namoro de Josy e a partir de então passou cortejá-la com mais intensidade e frequencia. Josy e Gabriel estavam mesmo apaixonados.

Não demorou muito tempo após o término do namoro para Gabriel fazer o convite do encontro. Josy embora muito quisesse aquilo fora pega de surpresa e de imediato recusou. Gabriel achou estranha a atitude da “amiga”, mas, preferiu não insistir no assunto. Josy, também achara estranho de Gabriel não comentar mais nada sobre sua recusa.

Gostavam de trocar vídeos e textos interessantes e num desses vídeos, Josy mostra para Gabriel pontos turísticos do Rio de Janeiro, Gabriel então se depara com um lagar que para ele parecia o portão do paraíso e pede para Josy falar mais sobre aquele lugar.

Josy explica que aquele lugar que ele tanto gostou era um Bairro da Cidade do Rio de Janeiro localizado no interior da baía da Guanabara, era uma bucólica ilha que ainda trazia em sua história a passividade das cidades do interior, embora que, nos finais de semana ficasse repleta de turistas. Gabriel ficara encantado com as descrições e as fotos que Josy lhe enviara.

Dois meses depois, Gabriel entra em férias e avisa pra Josy que irá pra o Rio de janeiro. Josy sem saber muito que dizer, diz para o namorado que se viesse ela iria apresentá-lo a Moreninha. O rapaz meio sem entender direito, comenta de imediato, não vou pra conhecer ninguém além de você. Você é a minha moreninha, ela rir e como de costume repete o (PALHACINHO)

Era um dia de março, quando o avião que trazia Gabriel chega ao entardecer de uma sexta feira no Rio de Janeiro. Ambos por demais ansiosos, Josy não consegue receber o namorado no aeroporto por conta das provas na Faculdade. Gabriel manda mensagem pelo seu celular por volta das vinte horas, dizendo que já estava instalado e que queria encontrá-la logo cedo no dia seguinte. Josy telefona e combina que o encontro iria acontecer às oito horas bem em frente à Estação das Barcas Rio – Niterói.

Sábado no exato horário marcado lá estava Gabriel frente às Barcas, olhando pra todo lado de modo reconhecer nas pessoas que passavam a fisionomia daquela que ele, já se sentia apaixonado.

No de repente e por detrás do rapaz, uma voz meiga chama Gabriel? Ao se voltar em direção da voz, Gabriel depara-se com Josy, tão linda, tão delicada tão enamorada! Foi um abraço que retratou bem o tamanho da saudade e da vontade que um sentia pelo outro. Um abraço demorado, silencioso, cheio de felicidade. Dos olhos de Josy rolavam um brilho intenso, dos lábios um sorriso sereno com pequenas gesticulações lábias murmurado quase que em câmera lenta... “Não acredito que você esteja aqui!”

Gabriel abraça mais uma vez a namorada e diz baixinho em seus ouvidos acredite, eu não poderia ficar mais tempo sem encontrar com você e foi nesse momento, meio a multidão dos que passavam que Josy e Gabriel se beijaram... Parecia que não havia ninguém por perto, foi um beijo tão intenso, tão bonito que uma senhora que passava parou para admirá-los.

Logo depois do beijo e ainda trêmula, Josy não dá tempo de Gabriel falar mais nada, hoje vai conhecer a moreninha e Gabriel sorrindo completa, não sei quem é essa que chamas de Moreninha, mas, tenho certeza que ela, não é mais bonita que a minha.

Josy compra duas passagens com saída às nove horas com destino a Ilha de Paquetá, diz para o namorado que aquele lugar que ele tanto gostou nas fotografias, seria pra eles o cenário perfeito para aquele encontro. Gabriel fica deslumbrado com a beleza da namorada e se enche de alegria ao saber que iria conhecer aquela Ilha que pra ele, mais parecia um Paraíso.

Gabriel não sabia o que mais olhava eram tantas as belezas, o mar, o cristo, a ponte, a barca e o vento refrescante que tocava os cabelos negros da sua namorada. Por vezes, era tanto o encantamento que apenas conseguiam olhar para frente como se estivessem olhando pro nada.

Aquilo parecia mesmo um sonho, logo a barca apita avisando aos passageiros a proximidade da Ilha. Uma ilha onde as pessoas só podiam transitar de bicicletas ou em charretes. Gabriel foi logo se aproximando de uma loja que alugava bicicletas e alugou uma com dois lugares, pedalaram as pedaladas mais gostosas de suas vidas. Beijaram os beijos mais molhados e abraçaram-se no abraço dos enamorados.

No entardecer Josy convida Gabriel para um passeio de pedalinhos, uma espécie de flutuante no formato de Cisne aonde os ocupantes iam pedalando seu caminho e assim, foi possível passear pelas ilhotas bem de frente à ilha maior.

Ao retornar quase no anoitecer, Josy chama o namorado pra caminhar por uma praia e pelo caminho, vão se olhando, se tocando se enamorando de um jeito sem fim... num determinado momento Josy, revela ao namorado que se encontrava perdidamente apaixonada por ele, que a saudade sentida quando ele não aparecia nas conversas internéticas era mais que saudade era uma (SAUDADONA MAIOR QUE TUDO, MAIOR ATÉ QUE O INFINITO) e que aquela seria a hora de apresentá-lo à Moreninha e antes mesmo que Gabriel risse e falasse alguma gracinha, segura na mão do namorado se dirigindo para uma espécie de floresta bem no final da praia, ele achou estranho, mas foi junto da namorada até que por dentro da floresta avistam uma pedra, nela existia uma gruta. Josy segura forte na mão de Gabriel e entram. Na escuridão da caverna puderam abraçados, apreciar o por do sol. Foi para eles a imagem mais linda vista até aquele momento de suas vidas.

Josy, pressente que aquele momento, seria o melhor de todos os momentos que a sua vida poderia usufruir e porquanto disto, se entrega as carícias e beijos do namorado recostando-se nas paredes da gruta e por ali, desfrutaram tudo de melhor que o amor a eles, poderia oferecer.


LENDA DA MORENINHA

A Moreninha foi popularizada no livro de (Joaquim Manoel de Macedo). Nesse livro o autor divulgou a lenda indígena para explicar uma fonte de águas cristalinas que existiu até meados do século passado.

Dizia à lenda que uma linda jovem indígena da tribo dos tamoios chamada (AHY) que morava na gruta, sempre avistava na floresta caçando, um índio também tamoio chamado (AOITIN). AHY, sempre acompanhava o índio em suas caçadas, recolhendo os pássaros abatidos ou as flechas por ele lançadas.

Mas, AOITIN jamais agradecia ou mesmo demonstrava alguma feição por AHY. Depois da caça o índio entrava na gruta a descansar e AHY, subia à pedra a chorar pelo desprezo do índio. Um dia as lágrimas da índia de tanto chorar perfuraram a rocha e tocaram os olhos do índio que se encontrava dormindo. AOITIN acorda, e olha para a pedra vendo a AHY, diz pra si mesmo (Que bela menina).

Em outra vez, AHY chorando deixa as lágrimas caírem sobre o ouvido do índio que acorda, olha pra pedra e ao escutar o canto tristonho da moça, fica a pensar (Que voz linda). Numa terceira vez, ainda no desprezo e chorando cada vez mais, as lágrimas de AHY tocam o peito de AOITIN que acorda, olha para a grande pedra e sente-se apaixonado pela índia.

Das lágrimas de AHY, formou-se a Fonte das Águas do Amor e, quem a bebesse se apaixonava por toda vida.

 
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PCoelho
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