Poemas : 

A Morte de Um Qualquer

 
1.Preparatorio

Comprem o caixão
Acendam uma vela
Preparem os salgadinhos
Não se esqueçam do café

Se sobrar um dinheiro
Compre aquela coroa
De lírios e rosas
Mas só se sobrar

Ligue para os amigos,
Para os parentes distantes
E diga que sairá
Amanhã as cinco da tarde



2.O evento

Tanta gente
Que não se via mais
Veio até a prima
Que mora em Rondonia

Todos cabisbaixos
Chorando, comendo
Alguns rindo
Talvez não sejam parentes

Já estava velho mesmo
Doente, descansou
Deus sabe a hora
De chamar o seu povo



3.Comentarios do defunto

Inventei de morrer
Num dia de calor
Mas pelo menos
A dor passou

Gastaram tanto
E esse caixão vai
Apodrecer e com meu corpo
Virar adubo

Essa gente vai embora
E nunca mais
Se lembrarão
De quem eu fui

Olha lá
Até o padre
Esta com sono
No meio de seu sermão

A minha prima
Também chora
Nunca me ajudou
Ou faz media ou se arrependeu

Não, você não
Não chore, meu amor
Talvez você também
Venha a semana que vem.

 
Autor
Brunovieira
 
Texto
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Enviado por Tópico
Beija-Flor76
Publicado: 11/03/2010 00:31  Atualizado: 11/03/2010 00:31
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2010
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Mensagens: 2080
 Re: A Morte de Um Qualquer
Bem verdade estas palavras apimentadas de ironia e malicia ...
Belissimo .


Enviado por Tópico
carolcarolina
Publicado: 11/03/2010 00:35  Atualizado: 11/03/2010 00:35
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Localidade: RS/Brasil
Mensagens: 9299
 Re: A Morte de Um Qualquer
Poeta Bruno achei uma inspiração bem fora do comum
mas verdadeiras. É bem assim os velórios como descreveu.
Só não queria estar na pele desta viuva rsrs.
Abraço
♫Carol


Enviado por Tópico
JoeWeirdo
Publicado: 11/03/2010 05:15  Atualizado: 11/03/2010 05:15
Membro de honra
Usuário desde: 11/03/2010
Localidade:
Mensagens: 444
 Re: A Morte de Um Qualquer
bem realista esse teu poema. rs, a parte dos comentários do defunto são as melhores... adorei!


Enviado por Tópico
Julio Saraiva
Publicado: 10/04/2010 03:25  Atualizado: 10/04/2010 03:25
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Mensagens: 4206
 Re: A Morte de Um Qualquer
dói saber que o defunto dói. defunto não crônica, nem poesia. não quero - e nem vou - rimar defunto com ave maria.

bastou?! o poema sempre vive no silêncio de quem o faz. o poema é acidente de palavras.quanto ao morto, façam dele o que bem quiserem.

j.,