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A SONDAGEM DO ESQUELETO

 
Tags:  dúvidas    certezas    SONDAGENS  
 
Sábado, como todos os sábados há a mania do sábado à noite. Discotecas, baillaricos, fado, e amor enchem a noite.

Duas horas da manhã, numa ruela da Madragoa.

Clicclacclicclac clicclac.... clic clac......... clic clac..... clac.
-Ó amigo, pare aí!
-Não, não precisa de por as mãos no ar, não sou da policia, faço uma sondagem.
-Céus, mas o que é isto? Eu bem dizia ao meus colegas que já tinha bebido um copo a mais, eles não acreditaram,mas a prova está aqui, estou com alucinações, um esqueleto que faz sondagens, Valha-me a Virgem Maria, não sou crente , mas Virgem, vem me ajudar, gritava o jovem,
-Qual Virgem qual carapuças, você já viu virgens a passearem a esta hora nas ruas da Madragoa? Pensa que sou parvo ou quê.
-Mas....
-Nem mas. Nem meio mas, diga lá, você é inteligente? É para a sondagem,
-Sou, sou sim!
-Bom, dois e dois faz quantos?
_Mas para responder a isso, não é preciso ser inteligente!-
Clicclicclic, os esqueleto começou a se enervar
-Se eu lhe faço a pergunta, há uma razão, responda lá, quanto faz dois e mais dois.
-Quatro, respondeu o jovem.
-Tem a certeza?
-Tenho.
Qual é o seu curso?
-Economia.
-Então você é instruído mas não inteligente, mas tem razão, os tempos mudaram e as inteligências não são as mesmas. Repare no meu tempo Salazar era professor de economia e ele dizia que dois e dois eram quatro para pagar e para receber eram vinte e dois, aquilo é que era inteligência, hein?
Com o medo que estava, o jovem dava sempre razão ao esqueleto.

-Mas há uma coisa que eu não compreendo, como é que o senhor sendo um esqueleto anda a fazer sondagens?
-É simples, caro amigo, eu sou esqueleto da inteligência que já morreu há muitos anos e estou interessado em saber como a inteligência está de saúde nos tempos modernos e como sou muito invejoso, não quero que a inteligência de hoje, seja superior àquela dos meus tempos.

-Tenha uma boa noite, jovem!
-Obrigado senhor esqueleto, para si também!
E o jovem lá se foi e pelo caminho ia dizendo, dois e dois vinte e dois, três e três, trinta e três, quatro e quatro, quarente e quatro,.................
Lá longe, sobre as pedras da calçada, ouvia-se clicclicclicclic... clic...clac.....clic.... clac........... clac.
-Caro senhor, pare aí! é para uma sondagem...


SOU COMO SOU E NÃO COMO OS OUTROS QUEIRAM QUE EU SEJA

Sociedade Portuguesa de Autores a Lisboa
AUTOR Nº 16430
http://sacavempoesia.blogspot.com em português
http://monplaisiramoi.eklablog.com. contos para as crianças de 3 à 103 ans
http://a...

 
Autor
Alberto da fonseca
 
Texto
Data
Leituras
1986
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