Ouças os versos que te dou
fi-los, pois, sinto o coração contente
enquanto, teu amor for meu somente
farei poemas com alegria, paz, apaixonado sou
E, hei de fazê-los vida afora,
versos de fantasia, utopia e amor,
possas lembrar o passado, nosso ardor
neste tempo célere que começa agora
Estes versos plenos de ternura
são versos teus, mas que são meus também
sozinha, hás de escutá-los, lê-los, sem ninguém
que possa perturbar nossa ventura
Ah, quando o tempo clarear nossos cabelos
irás um dia, quem sabe, acender a chama
e sorvê-los, cantá-los, revivê-los,
nas lembranças que a vida jamais apaga
E, ao lê-los com saudade, em tua dor,
hás de rever, nossa história, a cada vez,
chorando nas folhas amarelas o nosso amor,
e hás de recordar sofrendo quem os fez
E, nesse instante, quando já tiver partido
e se tu desejares ler outros poemas,
procures ocultas mensagens ao lado das marcas,
em torno da cruz do meu tortuoso caminho
Quando lá novamente fores,
poderás então colher do chão todas as flores
que brotarem no jardim do silêncio de meu corpo
são do amor que não perece, revivido em meu verso.
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em outubro de 1979.