A luz da lua beijava o deserto da estrada,
E o vento parecia cantar entre as árvores...
Com vozes que pareciam brotar do nada,
Mas eram vozes retumbando dos mármores...
Mármores que cercavam a lápide fria,
Esta qual o tempo corroera o nome...
Num jaz esquecido, próximo à abadia,
Onde monges de jejum, passam fome...
E oram responsos em tons gregorianos,
Que de tétricos, fazem até a natureza chorar...
Então chove sobre os túmulos decanos,
Mas a lua entre as nuvens não se faz apagar...
E brilha forte sobre almas ainda vivas,
E não percebem o poder oculto que lhes rodeia...
Mais forte que as dos deuses e divas,
Que é o medo que pela noite semeia...
E este rasteja pelo escuro, murmurando,
Às vezes chorando entre cruzes esquecidas...
Mas que ao mundo dos vivos segue assustando,
Sendo encarado como uma alma perdida...
Então não procure luzes no escuro,
Não escute as vozes do silêncio...
Não espante os gatos negros do muro,
Não espere de Deus o descenso...
Pois guerreiros da noite ainda lutam,
São anjos e demônios, sonhos e pesadelos...
Que aos seus sussurros de medo escutam,
Mas você nunca poderá vê-los...