Prometo o mar
O terno e manso ondular
As algas e os líquenes
Quando
O caudal das nascentes tiver por foz
O enorme oceano
Contido numa gota de água
E desaguar nas veias inchadas
Na fornalha incendiada
Dum vulcão em erupção
Prometo a lua
Os noivos raios aveludados
Os montes e as crateras
Que de braços estendidos
Sugam a luz do sol
Em todos os precipícios galácticos
Quando
No espelho de um olhar
A languidez dispersa de um beijo
Trespassar de aromas
O desejo
Prometo a terra
A neblina e as sementes
Fecundadas no esperma dos insectos
No salivar doce da ternura
Solta das mãos calejadas e
Rebeldes
Quando
Despontar da haste fina do amor
A verde e perfumada folha encantada
Da paixão
No jardim
De te ter perpétuamente apaixonado
In - Escrito Ao Luar
Luso Poema
António Casado