Rasgo o olhar de prever o horizonte
Marino o sentir vestido de ti
Uma aragem de dor massacra o ar
Como uma chuva ácida e fria
Desenha a tua silhueta
Nas pedras da calçada da minha carne
Por onde a tua passa
Alheia ao meu desejo tão profundo
Insensível à paixão que como fonte
Brota de todas as bicas do desejo
Quando eu não sou mais que um oásis
E todos os desertos são florestas de luz
Onde me passeio contente e feliz
Por saber que nos estigmas das flores
O teu olhar me vislumbra
Então sou mais importante que um oceano
Circunscrito ao leito de um lago...
( É essa a minha ilusão! )
Quando afinal não passo
De uma gota de água
À deriva pelo vendaval da minha solidão...
António Casado
Para o Luso Poemas