Poemas : 

Tenebrosos dias ( Leandro vítima de bullying em Portugal)

 
Perco-me neste silêncio absurdo…
A violência anda á solta, me sufoca…
O dia é noite, a noite não tem luar …
O sol não brilha, e o meu amanhecer fenece…
Dou um passo a flutuar …
É lá que me sinto bem, junto ao céu,
Queria voar …voar …
Não tenho ninguém com quem conversar …
Sinto-me encurralado, amargurado…
Que infância! Desconheço-me.
Não tenho idade, a minha mocidade …
Está tão longe …tão longe …não consigo lá chegar.
Não consigo atravessar esta ponte de dor …
São lençóis de chuva na minha carne…
Meu grito é silencioso, ninguém me ouve…
Onde está o amor?
Onde está aquela alva flor …a quimera?
Onde está a linda Primavera?
(Estação que não é minha) …
Só o tenebroso Inverno se me avizinha …
Inverno, ou inferno?
- Não sei…estou perdido,
Esta ânsia, na minha infância…
Não tenho o colorido das aguarelas,
Nem o alarido das aves, nas minhas janelas.
Nem as ondas do mar se esbatem no meu umbigo…
Porquê meu Deus, traçou pra mim tal destino?
- Nem o meu Tua, me deixa ser seu peregrino…
Sinto-me cansado…perdido, amargurado…
Sou tão franzino…tão pequenino…
Porque querem eles ver-me torturado?
***
Hoje, vou por fim á minha lua…
Pôr fim, a minha vida já sem nexo,
Eles serão testemunhos, e o “Tua”
Será meu leito e eleito o meu complexo.

Aí serei eu, já livre e sem dor,
Meu rio que me viu nascer, crescer,
Imperecível será o meu amor …
Por ti, meu “Tua”, que me vês morrer.

Não sei se os poetas vão chorar, ou não
Se as rosas que deixei irão florir,
Se os campos que pisei, irão murchar;

Mas sei, não quero chorem por mim !
Mandem flores pois estou a sorrir …
Livre... já não podem me maltratar!

Cecília Rodrigues (também indignada)
Em:"Retalhos da vida"

 
Autor
Cecília Rodrigues
 
Texto
Data
Leituras
1834
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