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MEIA NOITE

 
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Meia noite!
No cemitério da vila, todas as campas têm uma vela acesa. Foram colocadas pelos habitantes do praça dos Deitados.

Era noite de festa. Estamos no ano 2052, 31 de Janeiro.
Havia nessa noite festa de aniversário e pela calada da noite todas as alminhas invisíveis, por lá andavam dançando, comendo, bebendo.

Toda a vizinhança estava intrigada por verem tanta vela acesa no cemitério. Toda a gente se interrogava, mas que foi que acendeu estas vela? Isto é bruxedo, diziam certas velhinhas ao mesmo tempo que se benziam.

-Não há bruxedo nenhum mulheres isto é obra do Diabo, diziam os acreditavam nele,
Valha-nos nossa Senhora, gritavam umas, valha-nos Deus, gritavam outras.
-Ó mulheres de um raio, dizia um mais instruído, então não se está a ver que é obra dos Americanos?
-Ou dos Russos, gritou logo um outro.
Gritaria geral; pois, pois, é isso mesmo, São os Russos, não diziam outros não, são os Americanos!
-São os dois digo eu, depois que eles enviaram os “sputenikes” ou lá como se chama, lá para a Lua, até o tempo mudou, vejam lá as cheias, os tremores de terra, e até no Alentejo já chove, agora que até já temos a barragem!!!!!

-Quem é? Quem é que vem a esta hora me incomodar?
-Ó senhor Presidente da Junta, no cemitério passa-se algo de anormal, venha, venha, venha ver o que é aquilo.
O Presidente da Junta, muito carrancudo lá foi e como não acreditava em fenómenos extraordinários, não estava nada contente por o terem acordado aquela hora.

Quando o Presidente chegou ao local, já havia grupos em plena zaragata física, para aqui e para ali.
-Bom, eu vou lá dentro ver quem foi o brincalhão que passou o seu tempo a acender velas nas sepulturas.
Se bem o disse, melhor o fez e corajosamente tentou entrar, mas uma força nada natural fez-lhe barreira. Ele bem queria avançar, mas era como se um muro se tivesse levantado em frente dele.

Logos os da oposição, aqueles que tinham votado contra ele nas ultimas eleições, aproveitaram para o criticar.
-Olhem lá para o Presidente que nós temos, medroso!!!! medroso!!!! gritavam eles.
Mal grado as explicações do Presidente, já ninguém acreditava nele.
-Nas próximas eleições, vais levar com a ripa!!!! diziam os mais exaltados.

Duas horas e trinta.
As velas uma a uma, começaram a se apagar, às três horas só uma ficou acesa.

O Presidente da Junta, decidiu então tentar de novo a entrar no cemitério o que fez sem dificuldade
nenhuma.
Aproximou-se da única campa que mantinha a vela acesa e deparou com uma painel onde estava escrito:

Sou o esqueleto que festeja hoje 120 anos e mesmo sendo esqueleto, ainda consegui fazer das minhas, mas é para rir e estou certo que vão todos rir também, sempre fui assim e assim continuo.

ASSINADO POR OSSOS PRÓPRIOS: ALBERTO DA FONSECA
E a paz voltou a reinar nas avenidas do Repouso

A. da fonseca


SOU COMO SOU E NÃO COMO OS OUTROS QUEIRAM QUE EU SEJA

Sociedade Portuguesa de Autores a Lisboa
AUTOR Nº 16430
http://sacavempoesia.blogspot.com em português
http://monplaisiramoi.eklablog.com. contos para as crianças de 3 à 103 ans
http://a...

 
Autor
Alberto da fonseca
 
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