Transfugidio holocausto
Da beleza inescapável.
Deveria o arco-íris agradecer ao poeta
Pela mímica senil dos verbos
Ou não é o poeta quem deve agradecer
Pelo desfio sadio das cores?
Todo dia o balde vai ao poço
Um dia o fundo seca
Desiste
E se eu for culpado irei pagar!
Ah glória seminal do fósforo alarido
Ah suntuosa tosse arredondando as bordas da existência!
A ressaca dos calcanhares arrefece quente
E todos os loucos vêm cirandear comigo no transe hiperbóreo.
Qual será a fronteira
Entre a consciência e a loucura?
Ai refestelo juvenil
Já bem o sabes ardil arguto cabrão
Fronteiras só há inventadas
E quanto mais água mais transparência.
Ó júbilo histérico e contido!
Ó sapiência tão caliente da cascata trincante
Pocam cachoeiras maravilhosas em minh'alma
Tanta hidratação afônica
Que me trouxeram àqui.
Juventude extrêntica
Esbravejando impávida
Trucidando por compreender
Exatamente àquilo que jamais poderia
Compreender-se a si mesma.
Mas o vento ao jardim
Vozes suaves na rua
O vizinho abrindo venezianas
A miríade dos contatos ativos
Carros passando sobre um tampo de bueiro
Telefones intrusos sobre a avó ao piano
Uma sirene distante
Uma moto sem sonorização
Uma buzinadinha sonsa
Um leve frio nos pés
Tudo isto e mais um pouco
Me mantêm honesto
Presente e palrador
E sem querer querendo
Rude aos que fazem me elogiar.
A suprema e anciã magia -
A Dimensão Da Dança.
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