Encontrei um dia o teu olhar
assim parado no meu vazio
a percorrer esta alma fria
que sem pudor a ti esvazio
Perguntei um dia ao sonhar
estas palavras que denuncio
cantam a minha triste estória
que por ela tão bem me sacio
Perguntei um dia ao pensar
neste meu em vão sacrilégio
que jamais de mim abdicaria
de meu sorumbático refugio
Encontrei um dia o teu amor
assim como negro presságio
envolto em bruma sombria
que consumiu este meu já
tão fosco topázio...
António de Almeida