No início era o corpo
E o caos não disse faça-se o instinto
E o instinto se fez.
No primeiro dia
O horizonte e a terra notaram o ritmo
E com ele o contraste entre claro e escuro
E viram que as cores se seguiam
E isto era bom.
No segundo dia
A água nasceu e jorrou em zéfiros pelo infinito
E se sublimou e retesou de acordo
E os oceanos se dividiram dos céus
E isto era bom.
No terceiro dia
O vento soprou em sementes as terras
E delas vieram frutos e ervas
E os troncos e copas multiplicaram
E isto era bom.
No quarto dia
O tempo espirrou estrelas
E os astros e luas se espalharam
E assim nasceu o zodíaco e a matemática
E isto era bom.
No quinto dia
A água dos mares e dos céus respirou
E da respiração surgiram as aves e os peixes
E a inteligência evoluiu à consciência
E isto era bom.
No sexto dia
As aves e os peixes caminharam
O homem e a mulher se amaram
O forte tomou do caos toda vida
E inventou a divindade e vestiu sua coroa
E isto era bom.
No sétimo dia
Deus se embriagou de vinho e cânhamo
Chamou musa à mulher e revelou o orgasmo múltiplo
Então escreveu um livro sobre isto
Depois plantou amendoim e bananeira
E a dança o ensinou a voar
E a alegria enfim descansou.
No início era o verso
As mãos debateram faça-se a música
E a mística se fez.