Resoluta, enfiou a mão no saco. Esperava descobrir, nesse gesto, porque aceitara o desafio, mais que identificar o objecto. Encontrou algo agreste e pegadiço. Escrutinou o possível mau gosto. Insistiu. O polegar deslizou por altos e baixos grossos. À volta de cada pico um vale, desenhando no conjunto, o efeito de rede. Fez pressão à mão cheia, abarcando cerca de dois terços. Para além da rugosidade, magoou-se um pouco, numa saliência mais evidente, na palma. No lado oposto, uma ligeira depressão. Grosso modo, a forma é redonda, talvez oval. Encontrou uma só sensação positiva, o toque quente lembra o da madeira, ou o de um beijo. Não sendo pesado, é compacto, aguentando a pressão. Coladiço, desconfortável… Desistiu em silêncio, adivinhando apenas uns lábios húmidos e irrequietos. Ao pousarem o saco no móvel, ouviu um toque seco e firme. Em jeito de pensar, ou escondendo um nervoso pequenino, no último e pouco convicto esforço, levou a mão à boca. Imediatamente, Identificou o aroma a resina, esclarecendo o enigma. Propositadamente, omitiu a resposta, para receber o castigo.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Fevereiro '09