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A Viagem do Gato Pintão

 
A Viagem do Gato Pintão
 
O gato Pintão, encontra-se na rua com um grupo de amigos e ouve com muita atenção, todas as suas peripécias e aventuras.Um gato bastante gordo, muito listado, com ar atrevido, gaba-se ao grupo de já ter ido á cidade do Porto com os seus donos, enquanto um outro, pouco visto por aquelas redondezas, afirmou também, ter viajado de Palmela para o bairro do gato Pintão, por acidente.

O gato Faiolas, tinha o peitaço inchado, por ser o que reunia maior palmarés. Tinha vindo de muito pequenino, dentro de um enorme contentor da Roménia e isso, deixava-o cheio de orgulho.
Pintão ouvia todas as suas histórias e sabia que o seu amigo, o gato Faiolas, não estava a mentir. Recordou-se também ele, que a única viagem que fizera, tinha sido na transportadora dos seus queridos donos, do bairro degradado onde anteriormente vivia com os irmãos, para ali mesmo.

O gato Aldino,conhecido por o mais mentiroso do grupo, aproveitou também ele para dar a conhecer aos seus amigos, que no Inverno passado, tinha feito uma longa viagem às terras de Espanha, dentro do cofre do motor de uma carrinha de caixa aberta, que pertencia na altura a uma empresa de construção civil, que parara á porta dele, numa certa manhã muito fria.

O gato Pintão,deliciado por ouvir as façanhas do gato Aldino, achou uma óptima ideia,de também ele poder vir a fazer o mesmo, nem que fosse só por um dia. Veio-lhe então á cabeça a seguinte ideia:

Porque não experimentar também ele, em fazer a sua primeira viagem, dentro do compartimento do motor, do carro do seu querido dono?

No dia seguinte, Pintão acordou bem cedo, para se preparar para a sua primeira viagem. O seu dono saía cedo para o trabalho e muito antes, o gato já tinha de estar instalado dentro do compartimento do motor do automóvel.

Patinha, ante patinha, dirigiu-se á dispensa da sua querida dona e comeu até não poder mais a sua deliciosa ração. De barriga completamente cheia a arrebentar, o bichano saltou com grande dificuldade para a roda da frente do carro e esgueirou-se por entre um buraco da cava da roda e instalou-se onde tinha mais espaço. Na zona da bateria. Não levou muito tempo, a que o seu condutor chegasse.

Pintão estava um pouco nervoso, ao mesmo tempo,que a escuridão naquele local, era aterradora. Estava decidido a viajar, mas aquela solidão e silêncio imenso e um amontoado de peças, não lhe inspiravam qualquer confiança.
O motor começou a trabalhar e Pintão borrou-se todo.

O Barulho e a tremedeira eram insuportáveis. Quase que o seu coraçãozinho lhe saltava do peito. Como o gato Aldino, era um grandíssimo aldrabão, recordava Pintão, ao mesmo tempo que desejava anciosamente de poder sair de dentro daquele aterrador caixote mecânico.

O motor rufava por todos os lados, até que sem explicação, a máquina calou-se de seguida. O gato Pintão, tinha agora a sua oportunidade, de cancelar a sua viagem. Que se teria passado? Pensava Pintão, enquanto procurava a porta de saída que ali o conduzira.

Mais uma vez, o gato Pintão estava com sorte. Seu dono, andava na poupança e como tal, o carro já algum tempo que vinha a ter a luz que indicava a reserva acesa, dando sinal da necessidade de abastecimento, pelo que na sua falta, veio a parar a escassos metros da casa.

Enquanto o dono trancava a porta do automóvel e seguia em direcção da garagem do quintal, para tirar a sua motoreta, Pintão já com alguma claridade, descobriu a famosa saída para a liberdade.

Muito atordoado e meio esgazeado, dirigiu-se com enorme satisfação para o portão do seu quintal e saltou lá para dentro. Dirigiu-se então ao seu confortável cesto, para ali terminar os restos do seu sono e recuperar as suas energias.

GABRIEL REIS

 
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reisgabriel
 
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