A DESCOBERTA DO AMOR...
É urgente, Amar!
Urgente, meu Amor, o toque frenético
Dos teus dedos másculos
Na incontida profusão dos meus sentidos sôfregos,
Exultantes...
Subitamente despertos e inflamados,
Por inconfessáveis e impúdicos desejos,
Agigantados pelos gritantes silêncios das mais frias noites
Dos Invernos da vida!
É urgente, ousar e transgredir!
Urgente, meu Amor, que te detenhas,
Doce e atenciosamente
No meu olhar profundo e enigmático,
De belas e estonteantes matizes...
Como um imenso mar que, caprichosamente, se vai revelando
Em serenos sobressaltos!
E depois, meu Amor...
Depois, lenta e languidamente,
Urge, que vás descendo,
Em desveladas carícias...
Procurando refúgio através do meu corpo em chamas
E que o aflores e percorras,
Sem pressas...
Terna, mas vertiginosamente,
Até sentires que te afundas
Na aveludada maciez da minha pele
E que, centímetro a centímetro,
Tomas de mim, o mel e o fel
Dos mistérios, ainda por desvendar,
Dos milenares segredos, ainda incólumes...
Discretamente encobertos
Pelas brumas remotas e sombrias de tempos imemoráveis,
Desde a idade das Trevas...
Aí então, meu Amor,
É preciso que te ausentes e te esqueças de ti
E que te entregues inteiro,
De corpo e Alma,
Até não saberes mais distinguir os limites que te perfilam
E que entres em mim,
Sem opor resistência...
De uma forma total e absoluta,
Até ao âmago do meu Ser...
De tal modo que jamais nos seja possível descortinar
No emaranhado perfeito e harmonioso de tão completa fusão,
Os limites extemporâneos de dois corpos
Que um dia,
Isoladamente
E ao difuso sabor do acaso
Se lançaram, hesitantes...
Mas ébrios de emoção,
Na esplendorosa, aventura da descoberta do AMOR!
MJosé