Eu era fazendeiro das terras do norte
Raça de homem ruim, franco e forte;
Tinha muitas cabeças de gado e ouro,
Era também bom pai e um bom filho
Em toda Minas muito conhecido
Por ter derrubado um enorme touro
Apenas com um soco.
Era muito temido pelas bandas de cá
Principalmente depois de uma briga de bar
Que andei a cutucar com minha azagaia
Uns três ou quatro “peão”
Que desde então
Passaram a usar mini-saias.
Sim. Era eu.
Aqui na minha região era
Um pequeno deus.
Até o vento mudava a direção
Após a pronuncia de meu nome.
Era a preocupação dos homens
E a solução para as mulheres
Que enxergavam em mim o mundo,
Que me davam de tudo
(Tudo)
Até me beijavam os pés.
Sim, era temido, era terrível,
Era feroz.
De muitos por aqui era o algoz
Considerado mesmo invencível.
Mas algo desabou toda construção
Não tinha alcunha ou codinome
Eu não estava preparado
Por fora era uma armadura...
Uma armação...
Não era algo uma tsunami,
Uma desventura
Ou um furacão.
Não.
É que numa noite de lua
Após beijos tantos e ardentes
Uma ninfa divina efervescente
Com dois olhos azulados
(de diabo)
Quebrou todo forte castelado
Se apossou e se fez senhora
Desse meu desgraçado
Coração!
Agora
Vejam só como a vida é engraçada,
A remuneração do meu total abandono:
Hoje nem de mim sou mais o dono,
Eu que tinha de tudo
E que hoje não tenho mais nada.
Gyl Ferrys