Terra minha que me viste nascer,
Em casa plantada nas areias do mar
Abençoada pelos laivos do amanhecer
Enamorada pela ternura do luar.
Terra da linda restinga de areia
Bordada de graciosas e floridas moradias.
Teu ventre tem as águas quentes da baía
Que deliciam as gentes do mundo
Que nas derradeiras horas do dia,
Enfeitiça com a doce magia africana.
Terra minha que me fazes recordar
A vivência da minha infância.
O êxtase do primeiro amor,
O gosto eterno do primeiro beijo,
Os amigos de alma e constância.
Terra das ruas de acácias em flor,
Da mangueira e do mamoeiro.
Do bairro da Caponte e do Liro,
Do Compão e da Catumbela,
Da Canata do mundo inteiro.
Das calemas vivas e traiçoeiras.
Do odor cristalizante das salinas.
Das nuvens cor-de-rosa
De flamingos que passavam voando.
Da manta preta que jazia nos quintais
Trazida, pela brisa quente em céu limpo,
Das queimadas das canas sacarinas.
Da cor e nobreza dos teus prédios
Reflectida na serenidade dos mangais
Em tons de aguarela quase irreais.
Das palmas das palmeiras que aplaudiam
Os tons suaves, berrantes e desiguais
Dançados em requebres de merengues
Nos desfiles dos teus Carnavais.
Terra minha, que te fizeram?
Os homens trespassaram-te a alma
E ainda manténs o encanto do criador
Enquanto nos batuques das sanzalas
Teus negros ecoam em noites de cacimba
O ribombar forte em tom de grito,
Sentido e eloquente de quem aclama
Seres eternamente
A “Sala de Visitas” angolana.
Terra minha, meu Lobito.
rucasimiro
rucasimiro