A pedra lasca faíscas
Antes que o combustível se exaura
Rasga o vento delicado
Com o fogo que acalenta e nutre.
Ah desgraça de farrapos mundanos!
Quem me oferta ainda um ódio pusilânime?
Quem ainda afugenta com uma raiva sincera?
Onde foi parar o contumaz do vício
O devaneio pagão pornopopéico e puro?
Que fizeram dos mestres de enigmas
Duros ombros das umbandas genuínas?
Talvez desconstituíram o essencial
Pragmas e palaquins degenerados
Arrestaram ao silêncio e encheram-no de buzinas
De berros inescrupulosos de apego mesquinho!
Ai do cálido e gélido arrepio
Recluso dentre a fôrma láctea
Ruflando asas de borboleta humana -
Arranco-te fora as pálpebras ingratas!
Que é a dor senão a escola do senso?
Que é a força senão o carrasco de si em ação?
Desespero-me das questões
Mas as panturrilhas atinam por mim
Os joelhos estalam a latência pinacular
Entranhas extranhas já ao mesmo respirar
Era o supremo ego fagocitando o tempo real
A densa saga pelo gesto que desenrola
Ó venerável e infinitamente desejado!
Ó vivo instante presente!
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