Depois de uma semana de triste espera
Nem um telefonema, nem um e-mail...
A vovó, saudosa daquela de chapeuzinho
vermelho tão carinhosa, se desespera:
- Lobo, seu fdp! Você me comeu somente
por diversão! Custava dar outra passadinha?...
Agora mesmo tô toda molhada... E tu aí no
alto da serra e rindo, seu babacão! Você me
comeu, mas agora quem vai te comer sou eu!
E assim decidida, chamou a polícia. Malandra,
contou a versão antiga. Tão fajuta, quanto fictícia
E veio o delegado e o inspetor... Fotografa daqui,
marcas de dois pneus acolá, coleta de digitais,
uma bíblia cheia de orelhas e rascunhos jogada
sobre a cama... Jack, o coleiro-baiano vibrando
fora da gaiola... Mesmo sem saber o que se dera:
- Pode ficar tranquila, minha senhora. Tamo na pista!
Isso não vai ficar assim não. Vamos pegar aquele
bicho safado! (E é claro, faturar com a notícia)...
Como vai terminar a história eu não sei, pois depois
do exame de corpo de delito a coisa se complicou...
A versão da velhinha parece que não colou...
E o processo por enquanto, pelo que apurei, corre
em segredo de justiça
Só sei que o delegado fechou o relatório partindo
apenas de duas premissas: A vovó ao dar queixa,
só queria mesmo era provar novamente de um bom
“cachorro quente”... Ou o bicho sob a mira de arma de
fogo, pra salvar a pele teve que entregar a linguiça
Os jornais noticiaram semanas a fio na vila de São
Sebastião. E enquanto as manchetes se repetiam:
Violada dentro de casa!, Monstro permanece calado!,
a “senhorinha” vendeu a história e faturou de montão
O lobo, que tem aparelho fonador pouco desenvolvido, mas
não é bobo, ainda está preso. Porém continua pegando a netinha
Que o visita toda noite e já anda até meio inchada... E eu,
bem... Não falo mais nada. Lobisomem? Xi!, pirei na parada!
Rudá