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Morrer e Viver

 
Tags:  AjAraujo    poeta humanista  
 
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Morre a flor,
a criança,
o jovem,
o adulto,
o idoso...

E nasce outra flor,
outra criança que floresce ou não
que morre ou não,
agora ou depois, não há jeito...

Não sei porque a flor
a criança, o jovem, enfim,
porque morrer?
pra que nascer?

A semente sob a terra,
semeia, germina, nasce, cresce...
se é boa, é colhida, aproveitada de uma ou
outra forma: espalha-se, nasce, cresce, morre...

A gente nasce,
cresce se possível for
viver não figura nos planos,
apenas dormir, acordar, trabalhar...

A criança deve vir,
há que seguir a prole
apesar de tudo
com o tempo aprenderá a semear

E bastará tão somente
abrir uma caderneta de poupança
para seu futuro, e morre-se tranquilo
pois, ela estará assegurada...

A juventude cresceu,
agora corre de tudo e de todos
quer desafiar a vida, namorar a morte,
pois, talvez isto seja o viver, quem sabe?

Se sobrevive,
morre a vida
que ficou com o tempo
roubado pela exclusão

Se morre,
só se sabe recordá-la como louca,
que não quiseram ser, ou não tiveram
coragem suficiente, ou foram calados pelo sistema

Morrer, também como poderia o mundo
suportar tantos bilhões de pessoas
sem ter trabalho, lar, escola, hospital
como ousariam viver?

Importa, entretanto, saber
o porquê, para que,
para onde,
e o depois...

AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em setembro de 1976.
 
Autor
AjAraujo
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